sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Negócio da China

Dia desses estive em Shanghai a convite de um velho amigo que pra lá se mudou em 1998 pra aproveitar uma oportunidade de negócios: Comprar dentes de ouro de funerárias locais e envia-los ao ocidente para comercialização regular. Negócio simples e bastante eficiente. Não envolve sequer alfândega: ele  compra do Sr. Lee, proprietário da funerária, manda tudo pelo correio pra um amigo em São Paulo que tem uma sala de 1,5 metros quadrados na Barão de Paranapiacaba que derrete tudo e vende para o vizinho de loja que por sua vez faz alianças, brincos e afins... Interessantíssimo o fato de que alianças de ouro amarelo possam ter  relação com o oriente. Segundo ele o Sr. Lee só fornece ouro amarelo..
 Genial o esquema!
Cada vez fico mais maravilhado com as modalidades de negócios envolvendo os sábios orientais. 
Só não ficou claro como as funerárias conseguem a mercadoria.... Ele também não soube explicar e desconversou....
Mas enfim....
Não vim aqui pra falar de negócios....
Vim pra falar da comida dos amigos d'oriente.


Encontrei um restaurante que por motivos de higiene foi o meu selecionado pra fazer a primeira refeição.
Veja que aqui neste estabelecimento os funcionários são altamente instruídos e motivados a lavar as mãos.
Justíssima escolha.




Estava curioso para experimentar a cerveja chinesa.
E assim fez-se o pedido.
Servida quase quente provo e aprovo.
Um primor de cerveja.
É de um amarelo pálido quase incolor, quase inodora, quase insípida.
A maestria do mestre cervejeiro em reproduzir água em forma de cerveja faz-se óbvia.
Um gênio da alquimia até então dominada somente por monges trapistas, cervejeiros alemães e cervejeiros belgas.
Palmas para TsingTao Beer.

Brincadeiras a parte vamos ao que interessa: 

Entrada Nº 1

Pés de galinha marinados em Shaohsing.
Apesar de adorar a iguaria, e de ter me surpreendido com o capricho do chef em retirar as unhas dos ciscantes, coisa incomum entre os orientais, nesse caso ela não agradou. Duro, sem sal e sem graça.
Mas palmas para o pedicuro!

Entrada Nº 2

Gyosa de Porco

Sem sombra de dúvida o melhor já experimentado até hoje. Extremamente crocante por baixo, extremamente macio por cima, com um recheio que derretia na boca. O teor de gordura do recheio devia girar em torno do 72%. Alto mas ainda dentro dos padrões da culinária local.
ESPETACULAR.

PRINCIPAL

Sweet Sour Spicy Pork Chops
A Foto, decididamente,  não faz jus ao prato.
Ridículo de bom.
Um corte suíno de segunda, cheio de ossos assimétricos e pontiagudos que demandam mais trabalho pra comer do que tilápia.
Olhei para os lados pra me certificar de que ninguém me conhecia, e agarrei pedaço por pedaço a mão.

Esse é o tipo de prato que demanda paciência  e técnica para comer e preparar.
Marinado,
Assado,
Empanado depois de assado,
Refrito depois de empanado,
e finalmente incorporado ao molho depois de refrito.
O danado do porco dá tanto trabalho de fazer que o cozinheiro não tem mais forças nem pra por uma salsinha pra enfeitar o prato pra foto.

SOBREMESA

A CONTA













Depois de comer comida pra dois sozinho achei melhor pular a sobremesa.
Depois de me lembrar da cerveja achei melhor pular  o café.

Pedi a conta, conferi criteriosamente e paguei.



Abri o biscoito da sorte e tirei a sorte grande

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Em casa em Nova Iorque

O Barreiro diplomata não veio sozinho. Vieram também outros Barreiros que serviriam de presente praquela irmã de coração que há um bom tempo não via.
Presente fácil de escolher.
Não é de hoje que ela e o marido nutrem grande apreço pelo amigo Barreiro.
Mas pra ganhar o presente, a condição era que teria que vir me buscar no hotel, me levar pra conhecer Las Vegas, o Mount Rushmore, o Pike Place Fish, a torre Eiffel e  me pagar uma janta em um restaurante de comida Cajun-Creole, típica do sul.
Relevei e acordamos em fazer uma leve alteração nas condições e ficou definido que me levar ao Woodbury Common e ao restaurante típico estava de bom tamanho.
E foi no The Delta Grill que todos nos reunimos. Agora com as crianças e o cunhado também...
E foi graças à pequena Anna que provei pela primeira vez a Root Beer, uma cerveja sem álcool  feita da raiz de sassafraz.
Cerveja de criança.
Quando a Mini patroa fizer 2 anos vou encomendar uma caixa....  e vou tomar sozinho. Com Vódega...
Não. Não abri mão da cerveja de adulto. Fui de cerveja de torneira com álcool.
Comemos, também....






 
Crawfish à dorê .... um tipo de lagostim




Empanado de Peixe defumado sobre molho picante


 

Jambalaya - Uma espécie de Paella cheia de pimenta e personalidade.

 



Camarão com Arroi. 





Palmas para New Orleans !!

E assim foi.... 
...de barriga cheia e espírito cheio, despedimo-nos.... 
Só me resta esperar o reencontro.... todos juntos. 
Encontro regado a root beer,  risadas e saudades que nunca acabam.


quarta-feira, 8 de junho de 2011

COMUNICADO AOS DOADORES


      É fato que os aniversariantes carregam fama de contumazes bebedores de leite,  diante disso fez-se necessário auditar com a ajuda da PricewaterhouseCoopers se as doações foram efetivamente entregues às instituições ou se, deliberadamente, foram desviadas para o consumo próprio.
     PwCoopers relata que  TODAS as caixas gentilmente doadas pelos convivas foram devidamente entregues às seguintes instituições e divididas da seguinte maneira:

Clínica Sayão
OSAF - Obra Salesiana de Apoio Fraterno

Clínica Sayão:  60 Caixas - 720 Litros
                Osaf:  22 Caixas - 264 Litros
   Totalizando:  82 Caixas - 984 Litros

 A auditora PwCoopers relata também, para fins de elucidação, que para produzir tamanho volume de leite foram necessários:

- 39 Vacas/dia
-1,2 toneladas de capim.
- 280 Kg de Ração e
- 3.900 Litros de Água.

Portanto amigos, estejam certos de que o Árduo Trabalho desse Monte de vacas, Vossa Imensa Gentileza, e a Louvável Iniciatiava desses dois Irmãos  fizeram a alegria de centenas de crianças e velhinhos necessitados.

PALMAS PARA TODOS !!

    Apesar da lisura de todo o processo, levantou-se a dúvida sobre qual critério aplicado pra se definir o quanto cada uma das instituições receberia. 
    Aferiu-se considerável vantagem da Clínica Sanatório Sayão sobre a Obra das Irmãs do INSA. 
    A auditora PWC não conseguiu estabelecer vínculo ou parcialidade óbvia dos aniversariantes com a clínica - Não até o presente momento.


Aguardamos posição.







segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sr. Barreiro no Itamaraty

Nova Iorque é famosa pelas suas redondas. Interessante é que como podem ver nem toda pizza em NY é redonda. ... Essa tal de Grandma´s Pizza é quadrada.... "Quadrada e Spectacular", diria minha avó.

Mas vamos pelo começo.... Não fui a nenhuma pizzaria pra comer pizza. Nem a nenhuma floricultura, como alguns devem estar imaginando. Seguindo os critérios ecoorgânicos a que havia me submetido tive a gama de opções bastante restringida e me sobrou somente a Patzeria Perfect Pizza situada a meia quadra doTimes Square. (Eles utilizam embalagens recicláveis e juram só usar manjericão e tomate cultivados sem agrotóxico)

Não é exatamente uma pizzaria. Não nos moldes a que estamos acostumados.... não tem mesas nem cadeiras...Nem forno a Lenha. Você entra e disputa com outros clientes um espaço defronte ao balcão de 1 metro e meio sobre o qual repousam pré assadas as maravilhas da casa. Isso mesmo!!! É quinem nos Frango Assado da vida....Pizza de Vitrine.Você escolhe, eles enfiam no forno elétrico por mais alguns segundos e você vai comer em algum lugar. Mas não se deixem enganar.... É a melhor pizza que já comi. Claro que nem todos  concordam, mas tem uma horda de foodies que concordam e inundam o Zagat, o Facebook, o Yelp  e o TripAdvisor com comentários do tipo: Leia aqui e aqui

Agora....
O mais observador deve estar se perguntando..... "que que o Velho Barreiro tá fazendo na foto aí de cima?!"
Eu respondo: O Velho Barreiro é diplomata. Ele representa de maneira espetacular o melhor da simpatia e cordialidade do brasileiro.
Funciona assim.... Você senta no bar do hotel pra finalizar o seu dia com uma, duas, três,ou quatro doses do seu drinque favorito. Nesse meio tempo o seu graaande amigo Barman já fez as perguntas básicas e vc já as respondeu na seguinte ordem: .... (sou) do Brasil....  Não. Não é mais o Lula. Agora é a Dilma.... Não, não trouxe a camisa da seleção. já não serve mais.... Sim, meu carro é movido a álcool e a gasolina.
Tendo já feito amizade com o barman você fala pra ele: Não fecha. Já volto.
Você sobe pra buscar o Velho amigo Barreiro.
Desce e com toda a simpatia brasileira você diz: "Reparei que vocês não tem uma cachaça na prateleira do bar.... Fica com essa de presente"
Claro que de imediato você pede pra ele abrir e te fazer uma caipirinha com ela pra provar que você não tem planos de envenenar metade do bar com o seu amigo Barreiro.
Na hora de ir embora você põe uma nota de US$ 10 no balcão e pede a notinha pra assinar .
E ele emenda: 
"Relax... It is on the house!"
Bingo!


1 Manhattan            - US$ 13,00
2 Jack Daniels         - US$ 18,00
2 S.Pellegrino          - US$ 12,00
              Total             - US$ 43,00 + Tax
1 Amigo Barreiro   - US$   3,00
   Gorjeta                   - US$ 10,00 
Economia Total      - US$ 30,00 ou R$ 50,00



PS. A nota de US$ 10 é o mínimo pra esse movimento surtir efeito.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Nova Iorque - Day 1

Dia desses fui a Nova Iorque atender a uma palestra a respeito do impacto sobre a camada de ozônio causado pelas emissões de gás carbônico de rebanhos de Iaques na Mongólia.
Apesar da extensa discussão sobre o tema a visita foi bastante breve mas, ainda assim, tive tempo de, logicamente, me alimentar.

Imbuído do espírito eco-consciente proporcionado pela horda de ecoamigos que lá fiz, resolvi determinar um critério especial para escolher as minhas refeições: "ALIMENTOS ORGÂNICOS"
Essa palavra não me saía da cabeça e então, nada mais natural do que optar por somente orgânicos. Na impossibilidade de encontrar os tais alimentos, adotaria no entanto a sugestão de Net Khai, um monge budista de renome internacional, que aproveitava o momento de escassez de arroz orgânico para jejuar.

E assim foi.
Lancei mão de todas as ferramentas disponíveis para conseguir seguir a risca a minha determinação de não seguir a sugestão de Mestre Khai.
Usei Google, obviamente, Concierge também, embora sem sucesso, mas quem me deu realmente boas dicas foi a camareira Cambojana Rochom P'ngieng que me indicou para um desjejum vegetariano o Alan´s Falafel & more, localizado, segundo ela, defronte ao World Trade Center. Levou um certo tempo até que eu encontrasse o carrinho do Alan pois por mais que eu procurasse a referência dada pela Srta. P'ngieng não pude encontrar. Mas valeu a procura.
E foi o próprio Alan, um simpatissíssimo e solícito egípcio cujo nome verdadeiro não consegui entender, que me sugeriu o prato da casa: Falafel Sandwich.

Um sanduíche em forma de cone envolto em uma providencial camada de papel alumínio que impedia que o snack se desmontasse. Bastante engenhoso.
Era um Pão Pita bastante macio, recheado com cinco Falafels - um bolinho de grão de bico frito na hora com casca crocante e interior macio - e alface orgânica cobertos com dois deliciosos molhos bastante picantes: um a base de leite e outro a base de tomate. SENSACIONAL!!!!!.



E foi o Sr. de boné colorido e cavanhaque que me explicou o porque da dificuldade de encontrar a referência fornecida pela Srta. P'ngieng. Ele vive por ali há aproximadamente 20 anos, morador de Marquises & Shelters (deve ser um condominio típico novaiorquino, pelo que entendi) filho de Tanzanianos explica que um maníaco Árabe e uma dupla de ex presidentes acéfalos resolveram demolir alguns prédios para aquecer a economia agitando o gigantesco mercado da construção civil e bélico.

Experiência 1 terminada com sucesso quase absoluto.  Só faltou a birra pra acompanhar e transformar o café da manhã em jantar de gala. Tio Sam não deixa vender birra na rua. Cretino.

domingo, 24 de abril de 2011

Santa Ignorância

Ignorância, aqui, no sentido de falta de conhecimento sobre algo específico.
Quantas vezes já não foi dito, ou pelo menos pensado: "se eu soubesse..." ? Pois então.... é dessa ignorância que estou falando.
Pois bem... num desses garimpos de corredores exíguos de mercados sino-coreanos na capitar enchi uma cesta com alguns velhos conhecidos, como o pé de galinha desossado e alguns outros nobres desconhecidos como o pote da foto.

Não só era desconhecido como também ignorava do que se tratava, uma vez que apesar da minha fluência em mandarin adquirida ao longo dos anos em longas conversas de bar com sábios anciãos monodentes, não sei LER em chinês.
Mai então.... é sempre a mesma coisa.... Eu garimpo as gôndolas, lubrifico o mandarim com o patrão do mercado, abro o saquinho com a iguaria escolhida de acordo com o clima, neste caso, garoa com vento pediram sustância fornecida numa espécia de barrinha de cereais de porco com gosto de torresmo, passo no buteco mais próximo e compro uma birra nacional em lata pra acompanhar. Nos dias seguintes vão-se consumindo os velhos conhecidos.... e os nobres desconhecidos vão se acumulando na despensa esperando o momento oportuno pra experimentá-los.
Conforme vão surgindo as oportunidades a gente vai testando ... alguns entram pra lista de compras, outros são naturalmente esquecidos e outros entram para outra lista:  a lista dos  "Ilustres Bizarros".
Dentre algumas comidas que dizia que nunca  experimentaria estava o famigerado Tofu Fermentado, vulgarmente conhecido como Tofu Fedorento. Facilmente encontrado em mercados de rua asiáticos, lindamente decorados por uma espessa penugem de bolor.
Mas eis que a ignorância, sempre à espreita, me vitima novamente. Não imaginava que esse bicho pudesse ser enlatado, muito menos que fosse possível encontra-lo no Brasil. Santa Ignorância.
Fui me dar conta do que estava comendo a hora que comentei com a patroa: "... uma delícia!.... lembra gorgonzola." ... "Gorgonzola?!"
Aí foi só ligar os pontos.... Tofu, gorgonzola, fungos, ideogramas indescifráveis, sorriso cínico do Sr. Coréia...
Mas uma coisa eu garanto: o Ovo de Mil Anos eu não como!!! Nem que ele venha fantasiado de Filé a parmegiana