segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Velas e Defuntos

            Fim de semana passado fui agraciado com um convite para uma degustação de vinhos onde, segundo o anfitrião, algumas garrafas de bons vinhos seriam desarolhadas.

          Convite aceito, comunico a patroa e começam os preparativos-padrão-de-três-etapas-para-noites-de-jantar:
1 - Seguro a onda no almoço do sábado,
2 - Abro mão do meu remedinho pra dor que me dá a sensação de estar chupando um prego enferrujado enquanto o mesmo faz efeito.
3 - e, por fim, ajustamos os horários de sono das crianças.

         As crianças, ao notarem que os ajustes de horário seriam pra que eles dormissem assim que chegassem  e não pra que dormissem depois do jantar, impedindo-os assim, de curtir uma festinha, resolveram se rebelar e lançaram mão de vários artifícios para tentar boicotar a noitada.
               A batalha foi árdua.
              Mas eis que a patroa tem a brilhante idéia de acionar a Dona Babá que gentilmente cedeu às nossas súplicas e veio assistir ao sono do Mini Patrão e da Mini Patroa.
 Não sem antes, claro, determinar uma condição: "Deixa a tv ligada na Globo!"

             Condição prontamente atendida, rumamos para o rendezvous.
             Chegamos atrasados e perdemos o amigo Nicolas Catena Zapata.
             Não me abalo. Fito o decanter e vejo que uma garrafa de Seña da Viña Seña do Vale do Aconcágua lá jazia.
             Momento de reflexão entre mim e a Patroa.
            Entreolhávamos e ríamos sozinhos. Há dois anos não sentávamos em volta de uma mesa para curtir os amigos sem nos preocuparmos com a Mini Patroa escalando a estante e com o Mini Patrão dormindo no carrinho ao lado da mesa regada a gargalhadas de bom som.

Taças servidas, brindes erguidos.

           Quiches, salada de mini rúcula, pappardelle ao ragu de costela, rosbife ao molho forravam a pança e pavimentavam a beberrança.
Claro que sempre tem gente que não pavimenta tão bem as vias.... claro, também, que são sempre os mesmos....

Mas enfim....
Considerações sobre cada uma das garrafas entornadas, reservo-me a aplaudir de pé todas as experimentadas e a escolher a minha predileta. E só. 
"Perlage, bouchonnée, bouquet, ...", é pra sair da boca de quem sabe o que está falando.
Bebi, gostei e escolhi a favorita: Almaviva.

- Consideração mais acertada e relevante da noite - feita pelo Enólogo-Chef: "... é a nata da América do Sul."
E por "a nata da America do Sul" entenda: são os vinhos, não os convivas.... afinal, a qualidade da vela é, geralmente, inversamente proporcional às qualidades do defunto.

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